Os Serviços Ecossistêmicos — Benefícios Que a Humanidade Obtém Gratuitamente da Natureza

 

Os serviços ecossistêmicos — benefícios que a humanidade obtém gratuitamente da natureza, como regulação climática, polinização e purificação da água — são a base invisível da economia e do bem-estar social. No entanto, a crescente degradação ambiental tem colocado em risco esses serviços essenciais, exigindo uma mudança urgente na forma como a sociedade valoriza e preserva os ecossistemas. O Brasil, por sua megabiodiversidade, possui papel estratégico nessa discussão, mas precisa avançar na implementação de políticas que reconheçam economicamente esses serviços.

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Um exemplo emblemático é a contribuição das florestas no ciclo hidrológico. A Amazônia, chamada de "rios voadores", regula as chuvas em diversas regiões do país, influenciando até a produção agrícola no Centro-Sul. Estudos do INPE indicam que o desmatamento na região pode reduzir em 20% as chuvas no Sudeste, afetando setores como a geração de energia e a agricultura. Como alerta o climatologista Antonio Nobre, "estamos serrando o galho em que estamos sentados", ao ignorar a importância desses processos naturais. Apesar disso, mecanismos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), como o previsto na Lei nº 14.119/2021, ainda são incipientes no país.

Além dos serviços de regulação, os ecossistemas prestam contribuições culturais e recreativas essenciais. O Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, recebe mais de 2 milhões de visitantes anualmente, movimentando a economia local e promovendo saúde pública através do contato com a natureza. Projetos como o "Produtores de Água", da Agência Nacional de Águas, demonstram como é possível conciliar conservação e geração de renda, ao remunerar proprietários rurais que preservam nascentes e matas ciliares. Contudo, tais iniciativas ainda são pontuais e carecem de escala nacional.

Para reverter esse cenário, é fundamental ampliar a implementação de instrumentos econômicos que valorizem os serviços ecossistêmicos. Experiências internacionais, como o sistema de créditos de carbono da Costa Rica, mostram que é possível criar mercados ambientais robustos. No Brasil, é preciso fortalecer políticas como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e expandir programas de PSA, garantindo que comunidades tradicionais e pequenos produtores sejam beneficiados. Paralelamente, a educação ambiental deve ser priorizada, pois, como afirma a bióloga Bertha Becker, "só se protege o que se conhece".

Em síntese, os serviços ecossistêmicos são a infraestrutura natural que sustenta a vida e a economia. Seu reconhecimento e preservação não são apenas uma necessidade ambiental, mas uma estratégia inteligente para o desenvolvimento. Como ensinam os povos indígenas, "a natureza não é herança de nossos pais, mas empréstimo de nossos filhos" — cabe à atual geração honrar esse compromisso.

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