A participação social é um pilar fundamental para o exercício pleno da cidadania, pois permite que os indivíduos influenciem decisões políticas e contribuam para o bem comum. Em uma democracia, a cidadania não se limita ao voto, mas se estende à atuação ativa na sociedade, seja por meio de conselhos populares, manifestações ou engajamento em causas coletivas. Por isso, a interação entre Estado e sociedade civil é essencial para garantir políticas públicas mais justas e inclusivas.
No Brasil, a Constituição de 1988, conhecida como "Constituição Cidadã", ampliou os espaços de diálogo entre governo e população, instituindo instrumentos como os conselhos municipais de saúde e educação. Esses órgãos permitem que cidadãos comuns debatam e fiscalizem a aplicação de recursos, exemplificando como a mobilização pode melhorar serviços essenciais. Conforme afirmou o sociólogo Betinho, "a cidadania não é um ato de heroísmo, mas uma atitude cotidiana" — ou seja, pequenas ações, como participar de reuniões comunitárias, fortalecem a democracia.
Além disso, as redes sociais e a internet têm se tornado ferramentas importantes para o exercício da cidadania, especialmente entre os jovens. Movimentos como "Fora Collor" (1992) e as Jornadas de Junho (2013) demonstraram o poder da organização popular em demandar mudanças. Recentemente, campanhas de financiamento coletivo (vaquinhas online) para causas sociais ou ambientais mostram como a tecnologia pode potencializar a participação. No entanto, é preciso cautela: a desinformação e o ativismo de "hashtag" — quando o engajamento se restringe às redes — podem esvaziar a efetividade das lutas sociais, como alerta a filósofa Djamila Ribeiro.
Portanto, para que a participação social cumpra seu papel, é necessário combinar pressão popular com institucionalização. Experiências como o Orçamento Participativo, criado em Porto Alegre nos anos 1990, provam que quando o Estado abre canais formais para a opinião pública, os resultados são mais duradouros. Cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, aliados a governos abertos ao diálogo, constroem uma sociedade mais igualitária. Como ensinou Paulo Freire, "ninguém exerce a cidadania sozinho" — ela é, acima de tudo, um projeto coletivo.
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